Até a próxima sexta-feira (12), o Centro Socioeducativo de Juiz de Fora (CSEJF) é palco da oficina “Visão do meu mundo”, proposta que une fotografia, escuta e protagonismo juvenil. Ministrada pela fotógrafa Leda Bárbara Soares, reconhecida pelo trabalho de formação e inclusão social em comunidades vulneráveis, a atividade envolve 12 adolescentes de 14 a 18 anos em cumprimento de medidas socioeducativas privativas de liberdade.
A iniciativa integra a programação do Festival Internacional de Cinema e Cultura da Diversidade (Festicidi 2025), que acontece de 18 a 21 de setembro e este ano homenageia o Amazonas. Diferente das edições anteriores, em que oficinas eram voltadas a estudantes universitários, a escolha por incluir os jovens do socioeducativo partiu da intenção de ampliar o alcance social do festival.
“Percebemos a necessidade de dialogar com públicos que habitualmente não têm acesso às tecnologias do cinema e do audiovisual. Por isso, ao invés de direcionar as oficinas apenas a alunos já iniciados, decidimos trabalhar com adolescentes privados de liberdade, em sintonia com o eixo do festival, que é a diversidade”, explica o cineasta Ugo Soares, idealizador do Festicidi.
Com dez encontros de duas horas, a oficina combina teoria e prática, utilizando celulares doados em campanha solidária para que os adolescentes vivenciem a fotografia de forma acessível e próxima da realidade. O processo inclui desde fundamentos básicos até a produção de imagens e textos inspirados em frases simbólicas, que serão reunidos em zine coletivo, varal fotográfico e exibição de um fotofilme, em uma sessão cinematográfica especial voltada para os alunos que terão a oportunidade de sair da unidade e ir ao festival.
Mais que registros visuais, os trabalhos buscarão revelar autorretratos, objetos afetivos e cenas do cotidiano, possibilitando que cada jovem reconstrua sua narrativa e apresente novas perspectivas sobre si mesmo. A experiência, segundo os organizadores, pretende valorizar histórias, estimular a escuta e abrir caminhos para a reconstrução de identidade e inclusão social.
Com a oficina, o Festicidi reforça sua vocação de ser mais do que um festival de cinema: torna-se também um espaço de transformação cultural e cidadania, levando a arte para além das telas e atingindo públicos historicamente marginalizados.
