Dois encontros que reforçam a potência do cinema como linguagem de poesia, memória e resistência serão destaque do Festival Internacional de Cinema e Cultura da Diversidade (Festicidi) neste sábado (20). Pela manhã, às 9h, o Mercado Cultural AICE (segundo piso do Mercado Municipal) recebe a masterclass “O Cinema de Poesia: a dramaturgia sensorial”, com o premiado cineasta Joel Pizzini. À tarde, das 14h às 16h, o espaço sedia o seminário “Visões diaspóricas – uma perspectiva cultural e cinematográfica através do olhar feminino”, que reúne mulheres negras para resgatar histórias silenciadas pela escravidão e pelo racismo.
A poesia de Joel Pizzini
Reconhecido internacionalmente por sua produção autoral, Pizzini convida o público a uma imersão em seu processo criativo, dialogando com a tradição poética do cinema brasileiro e com obras que marcaram sua trajetória.
Com mais de três décadas dedicadas à sétima arte, o diretor é responsável por filmes-ensaio que romperam fronteiras estéticas e conquistaram prêmios em festivais nacionais e internacionais. Entre os destaques estão “Caramujo-Flor” (1988); “500 almas” (2004), selecionado para o Festival de Veneza; e “Olho nu” (2012), sobre Ney Matogrosso, exibido em mostras em Havana, Lisboa e Guadalajara. Além de cineasta, Pizzini foi curador da restauração da obra de Glauber Rocha e artista residente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Fórum da Berlinale.
As vozes da diáspora negra
À tarde, dentro da Mostra Afro-Latina-Caribenha, o seminário “Visões diaspóricas” abre com a exibição do filme “A morte branca do Feiticeiro Negro” (2020), de Rodrigo Ribeiro-Andrade, que reflete sobre o silenciamento do povo preto em diáspora.
Na sequência, a pesquisadora Juliana Domingos apresenta parte de sua dissertação “Memórias da Terra” (2023), acompanhada das narradoras Maria das Graças Eloy e Aparecida de Fátima Silva, mulheres que trazem lembranças de corpos interditados pela escravidão, mas também de resistência e sobrevivência.
O debate se amplia com as participações de Ana Teresa Melo Brandão, coordenadora do Escritório do Ministério da Cultura em Minas Gerais; Giane Elisa Sales de Almeida, secretária especial da Igualdade Racial de Juiz de Fora; e Pri Helena, atriz juiz-forana do elenco de “Ainda estou aqui”, de Walter Salles, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Com curadoria da jornalista Tâmara Lis e do cineasta Ugo Soares, o encontro propõe um mergulho nas memórias da diáspora africana a partir do olhar feminino, conectando experiências pessoais, produção cultural e políticas de igualdade racial.
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