Espaços
Museu Ferroviário
Apresentação:
O Museu Ferroviário de Juiz de Fora, instalado na sede da antiga Estrada de Ferro Leopoldina, foi inaugurado em agosto de 2003, depois de um processo de revitalização e modernização do espaço, coordenado pela Prefeitura de Juiz de Fora, em parceria com a Funalfa, e pela Rede Ferroviária Federal S.A.
Com padrões diversificados, o prédio apresenta uma fachada com elementos da arquitetura clássica, como frontões triangulares, pilastras no segundo andar, janelas e portas do térreo seguidas de bandeiras. A técnica empregada na construção é a alvenaria de tijolos maciços, laje de concreto armado entre os dois andares e telhado em estrutura de madeira, coberto com telhas francesas.
No projeto original, o térreo abrigava a sala do agente e do telégrafo, o armazém, os sanitários, a sala das senhoras e o bar. Já no andar de cima, havia a casa do agente da estação. No entanto, ao longo dos anos, a construção sofreu várias reformas que modificaram a concepção original.
No ano de 1977, o prédio da Estrada de Ferro Leopoldina ganhou duas sacadas no andar superior, onde ficavam os terraços da casa do agente. Na mesma reforma, a maioria das portas de acesso externas foi transformada em janelas, a escada para o segundo andar foi eliminada, uma nova escada foi construída no hall principal e as divisões internas foram totalmente reformuladas.
Em 1985, uma nova obra de adaptação foi implementada, quando o prédio passou a abrigar o Núcleo Histórico Ferroviário, criado para preservar a memória da ferrovia em Juiz de Fora. No térreo, foram ambientadas as salas de exposição do acervo ferroviário, enquanto no segundo andar foram instalados o Centro de Documentação, a Sala de Exposição Temporária, a Galeria de Arte e a Administração do Núcleo.
Em 1999, quando a Funalfa assumiu a administração, o espaço passou a se chamar Museu Ferroviário de Juiz de Fora. As diretrizes implantadas visaram a dinamização das ações de natureza turístico-cultural e educacional, particularmente aquelas relacionadas com a preservação, a valorização e a difusão do patrimônio, da memória e das tradições ferroviárias.
O prédio do Museu Ferroviário passou por novas intervenções, como troca do piso, pintura, conservação e restauração de peças, reforma do anfiteatro, além de ganhar telas de proteção e jardins. O acervo foi reorganizado e disposto de forma didática. Em agosto de 2003, depois do processo de revitalização e modernização, o Museu Ferroviário foi aberto ao público.
Patrimônio:
O acervo e a edificação são tombados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), sendo a edificação preservada também pela municipalidade, o que representa uma alternativa eficiente para garantir o resgate da história do município, fortemente marcada pela ferrovia.
Este patrimônio cultural aborda as origens e a evolução da ferrovia, a partir do século XIX, bem como seu impacto nos aspectos sociais e econômicos não só em Juiz de Fora, mas em todo o Brasil. As peças são dispostas em cinco salas temáticas: História da Ferrovia; Agência de Estação; Sinalização e Via Permanente; Escritórios Ferroviários; e Material Rodante e Aspectos Tecnológicos.
Acervo:
O acervo do Museu Ferroviário, disposto de forma didática em vitrines, painéis e ambientes cenográficos, é constituído por 400 peças, incluindo mobiliário, instrumentos de trabalho e de comunicação, livros técnicos, fotografias, equipamentos científicos, louças e miniaturas. Possui, também, na área externa, duas locomotivas a vapor originais.
Na primeira sala, os visitantes são surpreendidos com uma miniatura de locomotiva a vapor. A réplica foi construída por um colecionador que levou 20 anos para concluir o trabalho. Ainda nessa sala, pode-se conferir um resumo da história e evolução da ferrovia no século XIX. Há relíquias, como placas de identificação das locomotivas, faróis e até apitos originais, do tempo em que a chegada do trem era personalizada pelos sons.
Para reviver a história do trem, nada melhor do que dar um giro pela sala da Agência da Estação. No local, vemos o mobiliário utilizado na época, a estante de bilhetes, a cabine de vendas, o telefone – todos intactos como se o trem estivesse na hora de chegar ou de partir. Na Agência, o destaque é para o telégrafo – instrumento importante para uma época em que a comunicação era restrita e precária. A responsabilidade da estação era confiada ao chefe e seus agentes, funcionários treinados para operar o telégrafo, realizar as ligações telefônicas, o despacho da mercadoria e a entrada e saída dos trens.
Seguindo adiante no passeio pelo Museu Ferroviário, chegamos à Sala de Material Rodante e Aspectos Tecnológicos. Nesse espaço é possível saber sobre a sinalização, a manutenção dos equipamentos da ferrovia e ver de perto os componentes internos das locomotivas. A comunicação também tem lugar nessa sala, que agrupa telefones do século XIX. Entre eles, um exemplar portátil, substituído mais tarde pelo telefone sem fio. Sinos ornamentados em bronze, faróis e lamparinas também compõem a exposição.
No Escritório Ferroviário, o visitante conhece como era o cotidiano do chefe da estação, revelado em documentos, mata-borrões dispostos nas mesas, armários de época e pela rica coleção composta por 24 relógios de parede. Resgatados de antigas estações, os relógios da coleção encantam pela beleza e pelo significado histórico, já que cronometravam o fluxo ferroviário em todo o país.
Para entender e reviver o charme da ferrovia, um ponto alto do acervo é a réplica de uma cabine de primeira classe: a decoração luxuosa e os assentos confortáveis chamam a atenção do público, bem como o lavabo exclusivo da cabine.
Completando essa viagem pela história do trem, o Museu Ferroviário abriga, na plataforma, duas locomotivas a vapor originais que marcaram época e que hoje podem ser exploradas pelos visitantes.
O Museu Ferroviário oferece, também, o Programa de Educação Patrimonial, com visitas guiadas ao acervo. As visitas são dinâmicas, seguindo um roteiro didático com a finalidade de instigar a curiosidade do visitante. Percorrer as salas do Museu Ferroviário é a oportunidade de “viajar” pela história do trem.
Estação Arte:
Além do rico acervo, o Museu Ferroviário oferece para a comunidade a Estação Arte. Contando com um anfiteatro e uma sala de multimeios, o espaço atende a demanda de grupos que necessitam de um local para expressão artística, lazer e entretenimento cultural.
História da ferrovia em Juiz de Fora:
A inauguração da Estrada de Ferro D. Pedro II, em 1875, no período do auge da produção cafeeira, consolidou a posição do município dentro da província mineira. Sua implantação se deu no momento em que a Companhia União e Indústria se encontrava em crise. A ferrovia desempenhou, então, um papel fundamental no escoamento do café.
Um ano após sua inauguração, a Estação de Juiz de Fora já ocupava o quarto lugar em importância na receita ferroviária, sendo precedida somente pela Corte, pelo Porto Novo do Cunha e por Cachoeira.
Algumas melhorias urbanas mostram o aceleramento da industrialização naquele momento. Destacam-se a implantação do telefone em 1883, do telégrafo em 1884, do Banco Territorial Mercantil em 1887 e do Banco do Crédito Real em 1889.
Por ser o mais importante município industrial de Minas Gerais e por priorizar reformas urbanas, Juiz de Fora recebeu a denominação de Manchester Mineira. A cidade teve significativa marca de progresso na ferrovia com a circulação de pessoas, de mercadorias e de ideias.
Em 1905, com o gradativo aumento do fluxo de cargas e passageiros, a administração da Estrada de Ferro inaugurou uma nova Estação. A novidade contou com todos os cômodos necessários ao serviço de tráfego, como uma sala para agência do correio e outra para um botequim, bem como 560 metros de plataforma coberta.
Praça da Estação:
A Praça da Estação, situada na região central da cidade, tornou-se uma referência no município, um local com grande fluxo de pessoas e produtos. No final do século XIX, foi construído, em frente à Praça da Estação, o Grande Hotel Renascença, famoso em todo o país pelo requinte e pelo luxo, tanto do interior do imóvel quanto da fachada. O hotel hospedou diversas personalidades em visita a Juiz de Fora, como os presidentes Getúlio Vargas e Arthur Bernardes.
Foi assim que a Praça da Estação se transformou, também, em palco de grandes acontecimentos políticos da cidade. A chegada de autoridades, os comícios, as manifestações políticas e de cunho social, passaram a ser feitas, muitas vezes, nessas dependências. Um dos maiores eventos ocorridos na Praça foi o comício pelas “Diretas já”, na década de 1980, que visava o fim do regime ditatorial no Brasil e a instalação da democracia.
Assim era a ferrovia:
Agência da Estação Ferroviária
A Agência da Estação era o local de acesso aos serviços oferecidos pela ferrovia. No início do século XX, ser agente de uma estação ferroviária significava prestígio, poder e importância no contexto social. Assim, o agente da estação era tão respeitado como o padre, o delegado, o médico e o prefeito, por exemplo. Uma de suas funções era a de relações públicas, uma vez que mantinha contato com as pessoas e divulgava a boa imagem da empresa.
Dentre as tarefas do agente da estação, destacavam-se a escrituração da agência, a operação do telégrafo, as ligações telefônicas, o despacho da mercadoria e o licenciamento, ou seja, a entrada e saída dos trens.
Em cada agência, havia um livro de reclamações em que os passageiros registravam suas insatisfações sobre o serviço prestado, tais como atraso de trens, superlotação, defeitos e desvio de mercadorias.
Relógios e horários
O horário foi o mais antigo método de controle usado na ferrovia e sua importância foi reconhecida desde a época das carruagens. Nas estalagens, onde se fazia o cuidado dos animais, existiam relógios de parede com amplos mostradores.
Com o desenvolvimento das estradas de ferro e os trens trafegando num sistema de horários intercalados, a cronometragem tornou-se ainda mais importante. As ferrovias adotaram o sistema de horário e as estações foram providas de relógios que cronometravam o tráfego. Dessa forma, a ferrovia se organizou de modo que os trens fossem mantidos afastados, assegurando que o deslocamento ocorresse em horas determinadas e distintas.
Em 1852, passou-se a telegrafar diariamente a hora para as cabines de sinalização, proporcionando, assim, precisão nos horários dos trens e das estações que, desde então, usavam relógios com dois mostradores: um para as horas e outro para os minutos e segundos. A precisão cronométrica das estradas de ferro chegou ao ponto de atrair pessoas às estações a fim de acertarem seus relógios.
Sinalização
A sinalização ferroviária é o conjunto de métodos por meio dos quais se promove a movimentação dos trens com rapidez, regularidade, segurança e economia. Sua principal função é evitar acidentes. Os sinais visuais, sonoros ou eletrônicos indicam aos maquinistas e aos encarregados da operação da via se ela está livre ou ocupada, e seu estado, do ponto de vista da circulação.
A princípio, a sinalização era feita manualmente, utilizando uma equipe de guardas ferroviários que ficava postada ao longo do percurso, em pontos importantes da linha. De cartola e fraque, esses guardas avisavam aos maquinistas sobre qualquer ocorrência inesperada que acarretasse uma parada imprevista. Posteriormente, sinais fixos de parada substituíram os guardas ferroviários.
Existiam lanternas das mais diversas, fabricadas nas próprias oficinas da Estrada de Ferro, algumas delas artesanais e combinando com a própria ferrovia. Havia, ainda, o sino da estação. Era ele que anunciava a chegada e a partida dos trens, acontecimentos diários. Acabaram se tornando marcantes para as cidades pequenas, visto que eram parte da principal conexão com os outros lugares.
Atualmente, adota-se o sistema de sinalização computadorizada nas modernas ferrovias, cujos princípios fundamentais obedecem aos mesmos da época dos sinais luminosos operados mecanicamente.
Telégrafo
O telégrafo, inventado por Samuel Morse (1791/1872), trouxe para as ferrovias benefícios extraordinários. Anteriormente, só podiam circular poucos trens, por intervalos de tempo, obedecendo a determinados horários. A utilização do telégrafo possibilitou o aumento significativo do tráfego e a primeira ferrovia a utilizá-lo foi a Great Western Railway, em 1839, na Inglaterra. Por intermédio do telégrafo, podia-se avisar às estações os trechos livres.
Em 1871, quando foi iniciada a utilização dos aparelhos Morse, rapidamente as linhas telegráficas se estenderam por todas as estações ferroviárias. Em 1882, foi inaugurada uma escola telegráfica, na Estação Central, de onde saíam, a cada ano, turmas de telegrafistas capacitados.
Via permanente
A via permanente compreende o leito da ferrovia por onde circulam os trens. É, na realidade, “a estrada de ferro”. Dela fazem parte os aparelhos de mudança de via, os sistemas de fixação de trilhos e as obras de drenagem. Na época da construção das primeiras ferrovias, muitas dificuldades foram encontradas em razão dos poucos recursos técnicos existentes.
Muitas estradas de ferro, ao serem construídas, exigiram conhecimento e extrema habilidade de seus engenheiros, técnicos e operários. As escavações em rocha à meia encosta, os viadutos, os túneis, as pontes e os bueiros construídos exemplificam alguns dos obstáculos topográficos.
Com o avanço da tecnologia, muitas máquinas foram projetadas, objetivando auxiliar o homem em suas tarefas. Entretanto, a via permanente ainda utiliza ferramentas e materiais semelhantes aos do século XIX. Atualmente, modernos equipamentos são utilizados, dinamizando os trabalhos de construção e manutenção da via permanente.
Informações gerais:
Endereço: Avenida Brasil, 2001 – Centro, Juiz de Fora – Minas Gerais.
Tel.: (32) 3212-5781
E-mail: espacos.funalfa@gmail.com