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Preservando memórias dos trabalhadores das ferrovias

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Por Marco Aurélio Assis*

A memória ferroviária é preservada através de doações de objetos aos Museus Ferroviários, que nos contam a história e a vida nas ferrovias. Muitas vezes isso é feito por meio de acervos particulares de ex-ferroviários, homens que, com seu suor e sua dedicação à profissão, tiveram seus merecidos reconhecimentos.

O Museu Ferroviário de Juiz de Fora, que completou 22 anos em agosto, conta com um acervo de 400 peças que narram um pequeno pedaço da história da ferrovia no Brasil e em Juiz de Fora. Criado em 1985 pela extinta Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA) como Núcleo Histórico Ferroviário de Juiz de Fora e, mais tarde, reinaugurado em 2003 pela Prefeitura de Juiz de Fora como Museu Ferroviário, este espaço teve seu reconhecimento por familiares de ferroviários que enxergaram aqui um local seguro de guarda dos pertences que tiveram grande significado para seus entes queridos.

Entre várias doações recebidas ao longo destes anos, recentemente duas importantes memórias passaram a integrar nosso acervo. Uma foi doada por Valério Guedes, neto de Raul da Costa Guedes, que, após trabalhar 50 anos como agente-chefe da estação de São João Nepomuceno, em Minas Gerais, recebeu, em 19 de fevereiro de 1952, no Rio de Janeiro, como reconhecimento pelo serviço prestado à Estrada de Ferro Leopoldina, um ofício e uma miniatura da placa comemorativa afixada no saguão da Estação Barão de Mauá, inaugurada em 1926.

A outra veio com a mensagem abaixo:

“Bom dia Marco Aurélio.
Meu nome é Luis Carlos.
Ontem deixei uma pintura no Museu Ferroviário.
Quero doá-la para o Museu.
Tem interesse?
Meu pai foi ferroviário de 1963 a 1988 e faleceu em 2019.
Não sei como ele adquiriu a tela.
Provavelmente ganhou da própria RFFSA.
Nome de meu pai: Luiz Carlos Cardoso Simões (engenheiro).”

Reproduzi a mensagem para exemplificar a preocupação e a relevância que os Museus Ferroviários têm enquanto guardiões dessas memórias. Essa é uma obra do pintor Heitor de Alencar, mineiro de Sete Lagoas, que foi discípulo do acadêmico Angelo Bigi. O autor viveu em Juiz de Fora por muitos anos, onde solidificou sua carreira artística.

Hoje essa bela tela pode ser contemplada no hall do Museu Ferroviário de Juiz de Fora.

*Marco Aurélio de Assis é fotojornalista, supervisor do Museu Ferroviário de Juiz de Fora e servidor da Funalfa há mais de 40 anos

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